Com início insidioso e deterioração progressiva, a demência do tipo Alzheimer, é uma patologia neurodegenerativa de origem ainda misteriosa e incurável. Mais de 50 milhões de pessoas em todo o mundo vivem com demência, e a cada ano são registrados quase dez milhões de novos casos. A estimativa da Organização Mundial de Saúde é de que 152 milhões de pessoas serão afetadas até 20504.
Com a progressão da doença, podem ocorrer perturbações motoras que muitas vezes deixam o paciente confinado ao leito, num estágio de dependência parcial ou absoluta, havendo necessidade de cuidado contínuo dos familiares ou de instituições hospitalares. A morte ocorre frequentemente por complicação da imobilidade, tais como pneumonia ou embolia pulmonar. Sendo que o risco de desenvolvimento de pneumonia nosocomial é de 10 a 20 vezes maior na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), sendo que o seu desenvolvimento em pacientes com ventilação mecânica varia de 7% a 40%1.
Considerada uma enfermidade debilitante, principalmente no paciente idoso e imunocomprometido, a pneumonia nosocomial, é aquela desenvolvida após 48 horas de internação hospitalar e que não estava presente ou incubada no paciente no momento da admissão hospitalar. É responsável por 10% a 15% das infecções hospitalares, sendo que 20% a 50% dos pacientes afetados por tal condição falecem2.
A forma mais comum dos micro-organismos bucais alcançarem o trato-respiratório inferior é por meio da aspiração do conteúdo da orofaringe, sendo que em pacientes com a percepção prejudicada como em pacientes com comprometimentos neurológicos o risco se torna muito maior em vigência da disfagia e ausência da auto higiene2.
Quanto à saúde bucal, observa-se uma pobre higiene bucal e o aumento da prevalência de doenças periodontais e possibilidade ou início de lesões cariosas devido principalmente à incapacidade do portador em executar eficientemente os procedimentos de auto higiene bucal. Outro fator importante é a alteração do fluxo salivar, hipossialia ou assialia, de causa medicamentosa por vezes associada a uma baixa ingesta hídrica, o que prejudica consideravelmente a saúde bucal, visto que a saliva desenvolve o papel de primeira linha de proteção3.
O Cirurgião Dentista será o responsável por avaliar, diagnosticar e planejar um plano terapêutico para cada caso, desde a modalidade de higiene bucal ate sobre o momento de intervir neste paciente. Tendo como meta, prevenção e tratamento de infecções, conforto bucal, alivio de dor e prevenção de lesões em mucosas. Cuidados odontológicos regulares asseguram uma melhor qualidade de vida para tais pacientes. Para determinar o tipo de tratamento, a ser realizado, é necessário avaliarmos o estágio da doença (inicial, moderado ou severo), bem como para optar entre um tratamento invasivo ou paliativo, sempre ponderando o risco beneficio de o procedimento ser executado em consultório odontológico, a beira leito ou em centro cirúrgico3.
Autor: Fabrício Henrique Pereira de Souza – Acadêmico de Odontologia UNIP Goiânia.
Referencias
1. The challenges and guidelines in caring patients with Alzheimer’s disease in clinical dentistry;
2. Ação odontológica preventiva em paciente idoso dependente na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) – Relato de caso;
3. Doença de Alzheimer: Protocolo de Atendimento Odontológico;
4. ABRAz – Associação Brasileira de Alzheimer. Disponível em: http://abraz.org.br/web/sobre-alzheimer/o-que-e-alzheimer/.